quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Linha do Tempo

Século XVI
1500 - descobrimento do Brasil (expansão marítima)
1534 - Capitanias Hereditárias
1548 - D João III nomeia Tomé de Souza como Governador Geral do Brasil e ocorre a chegada da primeira grande leva de escravos da África
1549 - chegada do Padre Manuel da Nóbrega com os primeiros jesuítas e fundação de Salvador
1555 - invasão dos franceses, através do Rio de Janeiro, comandados por Villegaignon
1580 - União Ibérica (Portugal passa para o domínio espanhol)
Século XVII - introdução do Barroco no Brasil por meio de missionários católicos, principalmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrina cristã
1601 - "Prosopopéia": marco inicial da literatura Barroca brasileira
1615 - expulsão dos franceses
1624 - primeira invasão holandesa no Brasil
1640 - fim da União Ibérica
1654 - expulsão definitiva dos holandeses do Brasil

Contexto Histórico Mundial

Nove anos após a expulsão dos franceses, o território colonial brasileiro sofreu uma invasão holandesa, em 1624. Os motivos se devem ao período em que Portugal esteve sob o domínio espanhol: União Ibérica. Em 1578, o rei dom Sebastião morreu e não deixou herdeiros. Por isso, o cardeal dom Henrique, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, assumiu a regência. Com sua morte, em 1580, o rei da Espanha, Felipe II, da mesma linhagem familiar, achou-se no direito de ocupar o trono português. Contudo, antes disso, Portugal já havia estabelecido relações comerciais com os ricos negociantes holandeses, que passaram a financiar a produção açucareira no Brasil e a controlar toda a sua comercialização no mercado europeu. As sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, passaram a lutar por sua autonomia em relação aos espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os holandeses continuassem a comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de sufocar economicamente a Holanda e impedir sua independência. Os holandeses reagiram rapidamente criando a Companhia das Índias Ocidentais, que ficou encarregada de recuperar o controle do açúcar brasileiro e monopolizar o seu comércio nos mercados europeus. Vinte anos depois, os portugueses conseguiram expulsar definitivamente os holandeses do território brasileiro.

Contexto Histórico Brasileiro

No Brasil o Barroco foi inaugurado com a publicação do poema épico Prosopopéia - escrito por Bento Teixeira em 1601, narra as aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho, então governador da Capitania de Pernambuco. O Brasil ainda se estruturava sócio-conomicamente como país-colônia de base açucareira. A vida econômica da colônia estava concentrada na região Nordeste, por isso somente a Bahia e Pernambuco produziam alguma atividade cultural.

Caracterização da escola literária

No período colonial, o Brasil não possuia as três condições necessárias para a existência de uma literatura nacional (presença de escritores que produzam continuamente, circulação das obras literárias e um público que a leia regularmente). Isto porque no século XVII, o território brasileiro ainda era um vasto inexplorado. Apenas os centros urbanos mais importantes apresentavam alguma organização, por isso as obras que os escritores escreviam, raramente chegavam a ser publicadas, o que dificultava sua circulação. Por este motivo, as obras produzidas neste período colonial não caracterizam uma literatura nacional, e sim uma manifestação.
A manifestação literária barroca é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, entre outras constantes. Contudo, não há como colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A sua grande diferença do período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem seu valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus. Dentro desse período, a literatura brasileira, como tal, tem os primeiros passos para sua definição, principalmente através da obra dos jesuítas, Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira.

Gregório de Matos Guerra: Baiano, foi grande expressão barroca da literatura brasileira. Suas obras trazem a carga do conflito e da contradição na mistura do sensual com o religioso, dos valores místicos com os carnais. Na poesia, abrange os temas sacros, satíricos e amorosos, utilizando-se, com incrível propriedade, de todos os recursos que a linguagem escrita pode oferecer.Popularizou-se com a sátira, através da qual atacava e ridicularizava a sociedade colonial, a Igreja e o Governo. Isso lhe valeu o apelido de "O Boca do Inferno" e também um exílio temporário em Angola. De volta ao Brasil, fixou-se no Recife até seus últimos dias. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e um dos maiores poetas de Portugal e seus versos são um espelho fiel de um país que se formava.

Lírica Amorosa
- Oposição entre espírito e carne
- O amor é retratado como fonte de prazer e sofrimento

- A mulher é representada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal)

Sacra
- O eu lírico encontra-se dividido entre pecado e virtude (sente culpa por pecar e busca a salvação)

- Analisa o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão
- O eu lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)

Satírica
- Olhar crítico revela aspectos negativos da vida na Bahia
- Denúncia à corrupção econômica dos políticos e à corrupção moral dos padres e freiras

- Abusa do sarcasmo e da irreverência para tecer suas críticas.

Epílogos

Que falta nesta cidade?.....................Verdade
Que mais por sua desonra.................Honra
Falta mais que se lhe ponha..............Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
[...]

Quais são os seus doces objetos?..............Pretos
Tem outros bens mais maciços?................Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?..............Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
Dou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.
[...]

O trecho acima faz parte de um poema em que Gregório de Matos ataca vários segmentos da sociedade baiana, e evidencia a postura de repúdio do artista quando o assunto é a classe dos negros e mulatos. O autor usa um tipo de construção na primeira estrofe e outro tipo na segunda, recuperando no seu final as palavras finais de cada verso da primeira. Nota-se também na última parte do trecho que ele dirige sua crítica não apenas aos negros, mas aos que os estimam também.

Padre Antonio Vieira: Nascido em Lisboa, veio muito jovem para o Brasil e aqui faleceu em 1697, na Bahia. Com Vieira, nossa arte literária alcançou seu clímax. A versatilidade da linguagem, o engenho do estilo, o perfeito manejo dos recursos lingüísticos, aliados à erudição e ao excepcional dom da oratória, tudo isso lhe concedeu o título de maior figura no âmbito da literatura sacra do século XVII. Grande escritor, missionário, pregador e político, tornou-se famoso por toda a Europa. Suas Cartas, bem como seus magistrais Sermões, constituem verdadeiras preciosidades da literatura em língua portuguesa no Brasil.

"Não vivemos como mortais, porque tratamos das coisas desta vida como se esta vida fora eterna. Não vivemos como imortais, porque nos esquecemos tanto da vida eterna, como se não houvera tal mundo".

"O Cristo Carregando a Cruz" - Aleijadinho



Análise da Obra

- Semblante de preocupação e angústia, retratação do sofrimento humano
- Perfeição dos detalhes, que dão a impressão de movimento (Mimese Aristotélica)
- Contraste do claro e escuro (foco de luz incide no ponto principal)

Preceitos estéticos do Barroco Brasileiro

- Fusionismo (teocentrismo e antropocentrismo coexistem, o que é representado por meio de antíteses e paradoxos)
- Culto ao Contraste (tentativa de conciliar o inconciliável por meio da aproximação de opostos)
- Pessimismo (visão negativa em relação ao mundo)
- Feísmo (predileção pelas cenas que expressam o sofrimento humano)
- Reflexão sobre a fragilidade humana

Diálogo entre texto atual e Barroco

Música "Tudo Passa" - Tulio Dek e Di Ferrero

Na vida tudo passa
Não importa o que tu faça
O que te fazia rir
Hoje não tem mais graça
Tudo muda
Tudo troca de lugar
O filme é o mesmo
Só o elenco que tem que mudar
Que alterar pra poder encaixar
Se não for pra ser feliz
É melhor largar
Então se ligue
E busque felicidade
Pra existir história
Tem que existir verdade
Numa estrela cadente
O sonho se faz presente
No compasso do batuque
De um coração doente
A fera ta ferida
Mas não ta morta
Deus fecha a janela
Mas deixa aberta a porta.
Então se ligue
E busque felicidade
Pra existir história
Tem que existir verdade
Então se ligue...
Pra existir história
Tem que existir verdade
Porque o sol
Não se tampa com uma peneira
Pra quem já ta molhado
Um pingo é besteira
Renovo minha força
Vendo o sol se pôr
Pensamento longe
Renovo mau amor
Mina voz paz
É como a tristeza que eu veto
Não importa qual o papo
O papo aqui tem que ser reto
E cada chaga
Que a gente traz na alma
É a confirmação
De que a ferida sara
E se restaura,
Já foi cicatrizada
Eleve suas mãos pros céus
Que tua alma tá blindada
Pois ninguém vive conto de fadas
Prefiro meu degrau
Do que a sua escada
Então se ligue
Busque felicidade
Pra existir história
Tem que existir verdade
Então se ligue...
Busque felicidade
Pra existir história
Tem que existir verdade
Que por sinal
É pra subir e pra descer
Um degrau de cada vez
É assim que tem que ser
Tá entendendo
O que eu to falando?
Caiu a ficha
Ou ainda ta boiando?
Minhas palavras pairam pelo ar
E o meu show
Tem que continuar
Por isso eu continuo
No rap eu destruo
Como dizia Ali
Dou ferroadas e flutuo
Que nem no ringue
Tem que ter molejo
Na minha criação
A força vence o medo
Sem querer controlar
O que sinto
Vivo sem deixar sombras no tempo
Então se ligue
Busque felicidade
Pra existir história tem que existir verdade
Então se ligue...
Pra existir história tem que existir verdade
Então se ligue
Busque felicidade
Pra existir história tem que existir verdade
Então se ligue
Busque felicidade
Pra existir história tem que existir verdade
Então se ligue...
Pra existir história tem que existir verdade


Análise do texto

Carpe Diem: "Aproveita o dia de hoje"
- Então se ligue e busque felicidade;
- Se não for pra ser feliz é melhor largar;
- A fera tá ferida, mas não tá morta;


Efemeridade da Vida: "Memento Mori"
- Na vida tudo passa não importa o que tu faça;
- Tudo muda tudo troca de lugar;
- Vivo sem deixar sombras no tempo;


Analogia entre a vida e o palco: A própria vida em sociedade era uma representação/farsa
- Pra existir história tem que existir verdade;
- E o meu show tem que continuar;

- O filme é o mesmo
Só o elenco que tem que mudar

Crença religiosa
- Deus fecha a janela, mas deixa aberta a porta;
- Eleve as mãos pros céus que a tua alma tá blindada;
- E cada chaga que a gente traz na alma é a confirmação de que a ferida sara e se restaura, já foi cicatrizada;


Pessimismo
- Pois ninguém vive conto de fadas;


Comparações
- Prefiro meu degrau do que sua escada;
- Um degrau de cada vez, é assim que tem que ser;

Marcas do Barroco na cultura atual

O termo "barroco" tinha até relativamente pouco tempo uma conotação de arte decadente, degenerada. Barroco significa pérola irregular e era também o nome que os escolásticos davam a um silogismo defeituoso. Em arquitetura, o estilo barroco designava a pompa, a afetação, o oposto da simplicidade que os escritores neo-clássicos consideravam qualidades essenciais do estilo. Foi somente na segunda metade do século 19 que o barroco foi visto como uma forma própria, e não como uma simples aberração anti-artística (com todo seu exagero e exuberância, era considerado um estilo de mau gosto).